A partir deste mês, o IJC vai apresentar as pessoas que ajudam o Instituto a se consolidar como um local de transformações. Vamos contar trajetórias de vidas conhecidas ou anônimas, mas que carregam em si algo de extraordinário. O escolhido para estrear esse espaço tem
muito em comum com Joaquim Cruz. Hudson de Souza já participou de três olimpíadas e é dono
de cinco recordes panamericanos. Teve o privilégio de conquistar o bicampeonato na prova dos
1500m em casa, no Pan do Rio, em 2007.
Com esse histórico, é difícil acreditar que o atleta começou a correr contra a vontade, devido à insistência de um professor que ia busca-lo em
casa. Na época, Hudson tinha apenas 13 anos e combinou com João
Sena, seu primeiro treinador, que iria se dedicar durante dois meses para
um campeonato. O empenho levou o garoto ao terceiro lugar no ranking
juvenil. E os resultados rápidos motivaram a mudança de Sobradinho
(DF) para São Paulo, onde foi treinar no Sesi de São Caetano.
Depois, a história de Hudson se cruzou com a de Joaquim Cruz. O mesmo técnico responsável pelo treino do atleta que deu ao Brasil o único ouro olímpico em prova de pista convidou Hudson de Souza para treinar em San Diego, na Califórnia. Com Luiz Alberto, Hudson ganhou duas medalhas de ouro no Pan de Santo Domingo em 2003 (5000m e 1500m), ouro no Rio em 2007 (1500m), prata em Guadalajara em 2011 (3000m com obstáculo) e bronze em Winnipeg (1999), ao estrear na competição – um terceiro lugar conquistado mesmo com uma fratura por estresse na tíbia.
Apesar de tantas vitórias, os dois momentos que mais marcaram a carreira de Hudson não vieram acompanhados de medalha. A maior realização
pra mim foi chegar pela primeira vez nos Jogos Olímpicos, em Sidney.
Depois, veio o Campeonato Mundial da França, em 2003. “Eu considero
como a melhor competição. Bati na trave, corri o que tinha para correr,
mas os caras correram muito”.
Hudson conta que não teve muita sorte nas olimpíadas. “Em Atenas eu
estava muito bem, tinha batido o recorde do Joaquim. Mas faltando quatro dias para correr as eliminatórias dos 1500m, estourou uma hérnia
inguinal”. Mas ele sabe que chegou longe, representou bem o país e
encheu a família de orgulho. Sua trajetória hoje inspira os atletas do Pro-
grama Rumo ao Pódio Olímpico, do Instituto Joaquim Cruz.
E lá, ele não é apenas um ídolo. É como treinador que transmite aos jovens a experiência de tantas competições e conquistas, e a filosofia de
trabalho aprendida com Luiz Alberto. Quando recebeu o convite para
trabalhar no projeto, Hudson hesitou. Havia encerrado a carreira em 2012
e planejado uma longa viagem. Precisou ser convencido pelo diretor do
IJC, Ricardo Vidal.
Sua história pregressa indica que a resistência inicial é um começo promissor para Hudson de Souza. E os resultados que começam a aparecer
no PRPO parecem provar que essa não é apenas uma coincidência.